CÉREBRO DESLIGADO, CONSCIÊNCIA NÃO !
Depois de sofrer um acidente automobilístico 12 anos atrás, o canadense Scott Routley entrou em coma e, quando despertou, estava em estado vegetativo. Como acontece com outros pacientes nessa situação, Routley se tornou incomunicável, pois os danos em seu cérebro o impediam de emitir sons ou realizar gestos.
Recentemente, porém, uma equipe de médicos foi capaz de quebrar essa barreira: usando uma máquina de ressonância magnética, eles monitoraram o cérebro de Routley e, depois de perguntar ao paciente se ele estava com dor, observaram uma reação em seus neurônios, traduzida (depois de vários experimentos de “calibragem”) como um “não”.
“Scott tem demonstrado que tem uma mente consciente, pensante”, conta o neurologista Adrian Owen. “Nós o escaneamos diversas vezes e seus padrões de atividade cerebral mostram que ele está claramente escolhendo responder nossas questões. Nós acreditamos que ele sabe quem é e onde está”.
Para Owen, foi algo revolucionário. “Perguntar a um paciente algo importante para ele tem sido nossa meta por anos”, destaca. “No futuro, poderíamos perguntar o que fazer para melhorar sua qualidade de vida. Poderia ser algo simples, como entretenimento ou momentos de higiene ou alimentação”.
O sucesso desse procedimento coloca em dúvida a ideia de que pacientes em estado vegetativo perdem totalmente o “contato” com o mundo. “Eu fiquei impressionado e maravilhado porque ele foi capaz de mostrar essas respostas cognitivas”, diz o neurologista Bryan Young, que acompanha Routley há uma década. “Ele tinha a figura clínica de um paciente vegetativo típico, e não mostrava qualquer movimento espontâneo que parecesse significativo”.
Experimentos similares com outros pacientes, contudo, mostraram que poucos conseguem se comunicar usando apenas a atividade cerebral – um em cada cinco, de acordo com estudo feito por Owen e publicado em 2010. Ainda assim, as portas para novas possibilidades de comunicação com pacientes “inalcançáveis” estão mais abertas.
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