Uma simples aspirina pode ajudar pessoas de pavio curto a controlarem sua raiva.
Isso porque cientistas encontraram pela primeira vez uma relação direta entre os níveis de dois marcadores biológicos de inflamação no sangue com comportamentos agressivos recorrentes característicos de condições psiquiátricas como o Transtorno Explosivo Intermitente (TEI).
Segundo os pesquisadores, pessoas diagnosticadas com TEI têm uma quantidade maior destes marcadores no seu organismo do que indivíduos com outras desordens mentais ou saudáveis. Assim, eles defendem que remédios anti-inflamatórios como a aspirina façam parte de estratégias terapêuticas para indivíduos com esta síndrome.
- Estes dois marcadores consistentemente se correlacionam com a agressividade e a impulsividade mas não com outros problemas psiquiátricos – diz Emil Coccaro, chefe do Departamento de Psiquiatria e Neurociência Comportamental da Universidade de Chicago e principal autor de artigo sobre o estudo, publicado na edição deste mês do periódico científico “JAMA Psychiatry”.
- Ainda não sabemos se é a inflamação que dispara a agressão ou se são os sentimentos agressivos que causam a inflamação, mas temos uma poderosa indicação de que os dois estão biologicamente conectados em uma combinação danosa.
Assim, remédios que combatem a inflamação também podem reduzir a agressividade.
Coccaro lembra que o TEI pode afetar a vida não só das pessoas que sofrem com o distúrbio como também de suas famílias, amigos e colegas de trabalho. Segundo ele, os indivíduos com o transtorno reagem exageradamente a situações estressantes, em geral com explosões de raiva.
Levantamento feito pelo próprio Coccaro em 2006, quando estava na Faculdade de Medicina de Harvard, indica que o TEI afeta cerca de 5% da população adulta mas começa a se manifestar ainda na adolescência, por volta dos 13 anos nos meninos e 19 anos nas meninas.
A princípio, conta Coccaro, essas reações explosivas podem ser vistas como “simples mau comportamento”, mas suas causas e consequências vão muito além, já que as pessoas com o distúrbio também estão mais sujeitas a outros problemas como depressão, ansiedade e abuso de drogas e álcool.
- O TEI tem fortes componentes genéticos e biomédicos. Ele é um distúrbio mental sério que pode e deve ser tratado – defende.
No estudo, Coccaro e seus colegas se focaram nos níveis sanguíneos de dois conhecidos marcadores biológicos de inflamação, a proteína reativa C (CRP, na sigla em inglês) e a interleucina-6 (IL-6).
Enquanto a CRP é produzida pelo fígado para direcionar a atenção do sistema imune a células mortas ou danificadas, a IL-6 é secretada pelas células brancas do sangue para desencadear respostas imunológicas como a febre, além de instruir o fígado para aumentar a produção da CRP.
Eles mediram a presença das duas substâncias no sangue de 197 pessoas fisicamente saudáveis, das quais 69 tinham sido diagnosticadas com TEI, 61 com outras desordens psiquiátricas e 67 sem histórico de problemas mentais.
Os pesquisadores verificaram que os indivíduos com o transtorno tinham em média quantidades maiores de ambos marcadores nos seus organismos, e os níveis eram particularmente mais altos nos com um histórico mais longo de comportamento agressivo.
(Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/saude/aspirina-pode-ajudar-controlar-agressividade-11117704#ixzz2ocL2PoHC )