terça-feira, 29 de setembro de 2015

EPIGENÉTICA - "VOCÊ NÃO É SÓ VOCÊ"

(DNA DE VÁRIOS HUMANOS DENTRO DE VOCÊ)


É um fato bem estudado que não estamos sozinhos dentro de nossos corpos.
 Abrigamos, por exemplo, milhões de bactérias em nosso organismo que influenciam em diversas coisas, por exemplo, no nosso apetite.
No entanto, os cientistas estão começando a entender que podemos ter também, dentro de nós, DNA de outros humanos.
Não é ficção científica, nem filme de terror. De acordo com Peter Kramer, da Universidade de Pádua, na Itália, “diferentes indivíduos dentro de nós lutam por controle”. Isso significa que esse DNA estranho dentro de nós pode mudar nosso comportamento.
Kramer e sua colega Paola Bressan publicaram recentemente um artigo na revista Perspectives in Psychological Science sobre esse estranho fenômeno, chamado de microquimerismo (lembra da quimera, uma criatura mista que possui DNA de dois animais diferentes?). 
A ideia do texto é pedir que psicólogos e psiquiatras prestem mais atenção nas formas com que isso pode influenciar a nossa conduta.
Mas, questiona você, de onde vem esse DNA que “absorvemos”? Talvez de um gêmeo com quem você tenha compartilhado o útero, de um irmão mais velho que veio antes de você nesse útero, de sua mãe, ou, se você for mulher, de um filho.
Por exemplo, um estudo da Universidade de Alberta, no Canadá, descobriu que 63% das mulheres que tinham tido filhos abrigavam células masculinas em seus cérebros.
Foi descoberto também que este DNA estranho pode potencialmente influenciar qual mão é sua dominante, ou a propensão a desenvolver a doença de Alzheimer, por exemplo..

Muitos mistérios permanecem

Em uma pesquisa com mulheres dinamarquesas que tinham estado grávidas, epidemiologistas determinaram que os cromossomos Y “sobrados” no seu organismo melhoraram a saúde geral das participantes.
O que é mais estranho, no entanto, é que o microquimerismo de células masculinas em mulheres ocorreu mesmo quando elas nunca tinham dado à luz a um filho do sexo masculino – o DNA foi possivelmente transferido por um irmão mais velho ou até mesmo através do sexo com um homem.
Tudo isso nos mostra que o corpo humano está longe de ser fixado ao nascimento, e que se transforma com o tempo.
 Por enquanto, só estamos começando a compreender a extensão com que “incorporamos” DNA estranho, e como isso nos afeta.