sábado, 30 de abril de 2011

"PESQUISA - CIENTISTAS REVERTEM VELHICE MANIPULANDO TELOMEROS"


Cientistas da Universidade de Harvard (Dana-Farber Cancer Institute) conseguiram pela primeira vez reverter parcialmente a degeneração associada à idade em ratos.

Como resultado, os animais apresentaram crescimento de tecido no cérebro e testículos, além de melhora na fertilidade e retorno das funções cognitivas.

O trabalho, publicado na Nature, foi liderado por Ronald A. DePinho, professor de genética da instituição.

Como na história de F. Scott Fitzgerald, o Curioso caso de Benjamim Button, ratos envelhecidos começaram a rejuvenescer – mas, ao contrário do conto da ficção levado aos cinemas com Brad Pitt no papel principal, o fenômeno contou com a ajuda da ciência.

O professor DePinho e sua equipe conseguiram o feito ao criar ratos com um gene especial que permitia controlar a enzima telomerase, responsável por manter as “capas” protetoras, chamadas telômeros, na ponta dos cromossomos.

Conforme envelhecemos, os níveis de telomerase caem. Há tempo pesquisadores sabem que essa queda está associada com a erosão progressiva dos telômeros, o que pode contribuir para a degeneração do tecido e declínio de funções.

Criando ratos com um “interruptor” de telomerase, os pesquisadores conseguiram envelhecer prematuramente alguns animais e, da mesma forma, reativar a enzima para testa se seria possível também rejuvenescer os animais. As condições observadas com o envelhecimento precoce forma testículos reduzidos, ausência de esperma, baço atrofiado, intestino danificado, encolhimento do cérebro e incapacidade de desenvolver novas células cerebrais.

O gene da telomerase, chamado de TERT, foi modificado em alguns ratos para encodar uma proteína que somente era ativada com uma forma especial do hormônio estrógeno. Assim, a qualquer momento, os cientistas poderiam dar ao rato um medicamento para estimular os receptores e torná-los ativos.

Após quatro semanas, os ratos envelhecidos que tiveram a telomerase reativada apresentaram telômeros maiores e claros sinais de rejuvenescimento: as células voltaram a crescer regenerando tecidos e seus baços, testículos e cérebros aumentaram.

Os testículos também produziram novos espermatozóides, e sua fertilidade aumentou: as fêmeas desses machos deram cria a ninhadas maiores. Os pesquisadores também testaram os animais em um percurso com diversos odores associados a perigo – como o cheiro de predadores ou de comida estragada.

Quando foram “envelhecidos”, conforme suas células olfativas atrofiavam, eles perderem a capacidade de se localizar nesse caminho para evitar o perigo. Após o boost de produção de telomerase, no entanto, elas se regeneraram e o rato ganhou de volta seu olfato.

Outro ponto importante é que não houve sinais de câncer associados ao tratamento, o que era uma preocupação porque, com a idade, o encurtamento dos telômeros em tecido comum mostra uma queda constante – menos nos casos de câncer, no qual seu comprimento é mantido. Isso ocorre porque as células cancerígenas usam a telomerase para se tornarem quase “imortais”. O risco de câncer no tratamento foi reduzido “religando” nos ratos a telomerase por apenas alguns dias ou semanas.

A expectativa de vida dos animais também aumentou quando comparado a dos ratos envelhecidos não tratados. Porém, eles não viveram mais tempo do que os roedores normais.

Apesar dos bons resultados, os pesquisadores alertam que uso de alguma aplicação semelhante em humanos ainda é distante. Ainda é preciso descobrir, por exemplo, como isso teria um impacto no envelhecimento normal, não previamente acelerado. No entanto, está claro que a perda de telômeros está associada a problemas ligados à idade, e que sua restauração poderia aliviar tais problemas.

"ENTREVISTA - SEJA VEGETARIANO, TENHA UMA VIDA MAIS SAUDÁVEL"

(Dr. Julio Cesar Acosta Navarro)


O médico peruano Julio Cesar Acosta Navarro concedeu a entrevista que se segue por telefone à IHU On-Line, refletindo sobre de que forma a dieta vegetariana interfere na saúde humana.

Além de falar dos benefícios do vegetarianismo, ele alerta, no entanto, que “a vitamina B12 seria o ‘calcanhar de Aquiles’ da dieta vegetariana estrita, porque as outras dietas que não são veganas, como a lacto-ovo-vegetariana ou a lacto-vegetariana, por ter fontes totais de todos os nutrientes, não teriam nenhum risco”.

Navarro explica que “a dieta vegetariana, em comparação com a dieta onívora, possui nutrientes de diferentes valores. É possível que essa diferença, a longo prazo, possa efetivamente, e por meio de diversos mecanismos, influenciar a longevidade e o envelhecimento”. E acrescenta que se a sociedade atual se convertesse em uma sociedade predominantemente ou totalmente vegetariana, isso poderia, a longo prazo, “modificar as questões genética, fisiológica e talvez até anatômica”.

(Nascido em Lima, Peru, Julio Cesar Acosta Navarro visitou o Brasil em 1996 e naturalizou-se brasileiro em 2001. Possui graduação em Medicina Humana pela Universidad Nacional Federico Villarreal, de Lima, Peru; especialização em Cardiologia Clínica pela Universidade Mayor de San Marcos, de Lima; fez subespecialização em Cardiopatias Congênitas no Instituto Dante Pazzanesse de Cardiologia e no Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo; obteve títulos de especialista nas áreas de Cardiologia Clínica pela Sociedade Brasileira de Cardiologia-SBC, Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira-Amib, Nutrologia pela Sociedade Brasileira de Nutrição Clínica-SBNEP, e Clínica Médica pela Sociedade Brasileira de Clínica Médica-SBCM. Tem doutorado em Cardiologia pelo Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. De 2001 a 2007, trabalhou como chefe da Unidade de Terapia Intensiva e Cardiologista Clínica do Serviço de Transplante de Fígado do Hospital das Clínicas de São Paulo. Atualmente, é médico assistente do Setor de Emergências Clínicas do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas.)

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Quais são as bases científicas do vegetarianismo?

Julio Cesar Acosta Navarro – Nós podemos considerar os estudos realizados em diferentes partes do mundo utilizando a metodologia atual científica em populações, sejam pequenas ou maiores, que têm uma alimentação vegetariana.

Estes estudos avaliam diversos parâmetros clínicos da saúde destas populações vegetarianas e são comparados com os mesmos parâmetros clínicos de uma população que não é vegetariana, que é onívora, que consome carne regularmente.

Esses estudos se intensificaram a partir da década de 1990, e começaram a mostrar resultados muito interessantes nesse aspecto. Foram publicados em revistas científicas médicas, que são indexadas pelos sistemas internacionais, e eu posso considerar que as bases científicas do vegetarianismo se sustentam principalmente nesse ciclo de trabalho.

Porque o vegetarianismo é um termo muito mais amplo, que envolve aspectos de índole filosófica, religiosa e, atualmente até, ambiental.

IHU On-Line – Qual a influência da nutrição vegetariana na saúde?

Julio Cesar Acosta Navarro – Com relação ao vegetarianismo e a saúde em geral, baseando-se nas evidências que comentei anteriormente, podemos concluir que a dieta vegetariana, nas suas formas, pode ser dividida em três categorias:

- Dieta lacto-ovo-vegetariana, que inclui todos os vegetais, leite, ovos e derivados;

- Dieta lacto-vegetariana, que não inclui ovos, apenas leite e vegetais;

- Dieta vegana, seguida por pessoas que consomem uma dieta estritamente de vegetais e não consomem nem carne, nem fonte de lácteos, nem ovo.

Estas três categorias de vegetarianos têm sido investigadas e, com relação à saúde em geral, os vegetarianos, quanto mais tempo estão nesta postura, e quanto mais estritos são, têm menos prevalência de doenças crônicas, como doenças coronárias, acidente vascular cerebral, doenças metabólicas, como diabete, osteoporose, doenças neoplásicas, como o câncer de estômago, de mama em mulheres e de próstata nos homens, assim como outras doenças infecciosas de uma longa lista.

O risco da deficiência da vitamina B12 é eventualmente real. Há publicações que mostram que, em pessoas, especialmente crianças, que têm uma dieta vegetariana estrita, ou seja, uma dieta vegana, foi associado o aparecimento de complicações de deficiências de vitamina B12, manifestadas por anemia, transtornos neurológicos e outros tipos de sintomas e sinais.

A vitamina B12 seria o “calcanhar de Aquiles” da dieta vegetariana estrita, porque as outras dietas que não são veganas, como a lacto-ovo-vegetariana ou a lacto-vegetariana, por ter fontes totais de todos os nutrientes, não teriam nenhum risco.

É recomendável para as pessoas e para as famílias que praticam uma dieta vegana ter assegurado um suplemento de vitamina B12, seja em alimentos fortificados ou como um suplemento à parte.

IHU On-Line – Qual o papel do vegetarianismo no envelhecimento e no processo evolucionário humano?

Julio Cesar Acosta Navarro – Existem trabalhos e estudos que indicam que, comparando populações que não são vegetarianas com vegetarianas, a taxa de mortalidade é menor no grupo vegetariano, por todas as doenças evitadas, principalmente as doenças cardiovasculares.

E, segundo estes estudos, podemos pensar que a dieta vegetariana pode prolongar a expectativa de vida. Entre as duas dietas existem níveis diferentes de gordura saturada, de colesterol, diferença de antioxidantes, vitamina C, E. A dieta vegetariana, em comparação com a dieta onívora, possui nutrientes de diferentes valores.

 É possível que essa diferença, a longo prazo, possa efetivamente e por meio de diversos mecanismos, influenciar a longevidade e o envelhecimento. A teoria da evolução das espécies, da qual Charles Darwin é o pai, diz que as espécies mais fortes sobreviveriam às demais e que fatores ambientais também contribuíriam para essa evolução.

Basicamente foi pensado, nesta teoria darwiniana, que o consumo de carne contribuiu favoravelmente para um maior desenvolvimento cerebral. Esse foi o ponto de vista mais clássico. Só que essa teoria sobre a contribuição da carne não se sustenta. Uma das coisas que se pensava é que depois da descoberta do fogo, uma das aplicações dele foi para que as carnes fossem douradas e assim consumidas.

Só que o homem, para chegar a descobrir o fogo, já era homo sapiens, então quer dizer que o homem existia antes do fogo, já que o descobriu. Isto quer dizer que ele já vivia e se alimentava antes de descobrir o fogo, portanto, pensamos que, antes de consumir carne, o homem já consumia outros alimentos e provavelmente era um ser vegetariano ou herbívoro.

 Este é apenas um dos argumentos. Atualmente, a sociedade humana predominantemente é onívora. Não existe esse dado, mas calculo que em torno de 1% da população humana seja vegetariana, mas estou supondo.

A teoria é de que se essa sociedade se convertesse em uma sociedade predominantemente ou totalmente vegetariana, isso poderia, a longo prazo, modificar as questões genética, fisiológica e talvez até anatômica.

IHU On-Line – Na sua tese de doutorado, o senhor defendeu a ideia de que vegetarianos e semivegetarianos estão menos expostos a fatores de risco cardiovascular. Por quê?

Julio Cesar Acosta Navarro – Neste trabalho, em vez de dois grupos de pessoas com estilos de vida diferentes na alimentação, introduzi um terceiro grupo intermediário, que era o grupo semivegetariano. Antes desse trabalho, a maioria dos estudos realizados no exterior, como Estados Unidos, Europa, Ásia, examinava o grupo vegetariano contra o grupo onívoro no contexto dos mesmos parâmetros clínicos.

Só que, como isso poderia ter um efeito colateral de considerar uma espécie de dualidade (ou é, ou não é), nós introduzimos um terceiro grupo no meio, na ideia de que este é um grupo presente na sociedade atual.

Ou seja, na sociedade atual existe um grande grupo de pessoas que por razões de ordem econômica, social, filosófica, têm simpatia pelo vegetarianismo e querem se aproximar. Às vezes por questão de estética ouviram falar que a carne envelhece, que faz mal, e passam a consumir muito pouca carne.

Outras pessoas querem cumprir seus preceitos de ordem religiosa, mas não conseguem ceder à tentação e comem de vez em quando. Estão quase perto de ser vegetarianos. Outras pessoas que, por questões econômicas, em outros países da América Latina que não o Brasil, onde o consumo de carne é caro, porque não têm indústria pecuária, consomem pouca carne.

Não é porque não queiram comer, mas porque não têm dinheiro. Então consomem apenas vegetais. Na sociedade atual, o grupo considerado semivegetariano é o de pessoas que consomem de duas a três porções por semana em alguma das suas refeições que tenha algum produto de origem na carne.

Tendo em conta a importância desse grupo, um grupo novo, foram investigados fatores de risco de doença cardiovascular em populações que aparentemente não tinham desenvolvido nenhuma doença cardiovascular ou pelo menos não sabiam que tinham doenças cardíacas.

Em geral, diferentes fatores de risco cardiovascular foram estatisticamente significativos e mais presentes na população onívora comparado ao grupo semivegetariano, ou seja, o grupo onívoro estava em maior risco que o grupo vegetariano.

 E o grupo semivegetariano também era diferente do grupo vegetariano, ou seja, o vegetariano estava mais protegido que o semivegetariano que, por sua vez, estava mais protegido que o grupo onívoro. O grupo semivegetariano funcionou como uma ponte, como uma transição entre um e outro grupo.

IHU On-Line – Nesse sentido, qual o valor da dieta vegetariana na prevenção e tratamento dessas doenças?

Julio Cesar Acosta Navarro – Quanto ao efeito terapêutico, existem trabalhos publicados que pesquisaram pacientes com arteriosclerose coronária, ainda que tendo feito cateterismo, além do seu tratamento convencional com medicamentos, que foram tratados com um estilo de vida incluindo a dieta vegetariana, um programa de meditação, relaxamento e atividade física.

Este trabalho indica que a dieta vegetariana por si só, assim como acompanhada por outros aspectos do estilo de vida, pode mostrar efeitos notáveis na recuperação de doenças crônicas.

IHU On-Line – Como o vegetarianismo está difundido na América Latina?

Julio Cesar Acosta Navarro – O vegetarianismo não é uma questão recente. Desde a época de Pitágoras , passando por uma série de filósofos, como São Francisco de Assis, Mahatma Gandhi, Leon Tolstoi, várias pessoas foram vegetarianas ou defendiam o vegetarianismo, numa época onde não existiam bases científicas.

Defendiam isso porque viam o aspecto social, emocional, espiritual envolvido. Muitos pensadores já falavam do vegetarianismo como o melhor caminho para o coração do homem. Isso poderia beneficiar o relacionamento humano. Vejo isso positivamente no sentido de que pelo menos há um avanço no mundo e também na América Latina, uma vez que as ciências estão preocupadas em estudar o tema de forma aprofundada e, a partir disso, difundir mais o vegetarianismo por meio de práticas.

Estou testemunhando que nas últimas décadas o vegetarianismo está sendo mais reconhecido e ainda está ganhando uma dimensão ecológica. Sabe-se que a eliminação dos gases dos animais que são criados para a produção de carne tem uma contribuição importante na contaminação do planeta.

IHU On-Line – Alguns pais vegetarianos não oferecem alimentos de origem animal para os filhos. Como, no caso das crianças, o vegetarianismo pode ser considerado uma prática saudável? Uma dieta vegana gera alguma deficiência para as crianças?

Julio Cesar Acosta Navarro – Em geral, qualquer pessoa pode crescer, se desenvolver e viver toda sua vida sendo vegetariana, desde que pratique o vegetarianismo lacto-ovo-vegetariano, o lacto-vegetariano, ou se for o vegetarianismo estrito desde criança (não esquecendo que nos primeiros seis meses ele tomará o leite da mãe), recomendo definitivamente, por uma questão de segurança, que deem a seus filhos uma fonte segura de vitamina B12.


* Publicado originalmente no site do IHU On-line.
* Visite o site : http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php

"SUPERMATÉRIA - DESMISTIFICANDO O CÉREBRO HUMANO"

(Mitos, Meias verdades e Mistérios)

O cérebro é um dos mais incríveis órgãos do corpo humano. Ele controla nosso sistema nervoso central, mantendo-nos andando, falando, respirando e pensando. O cérebro é também incrivelmente complexo, sendo composto de cerca de 100 bilhões de neurônios. Há tanta coisa acontecendo no cérebro que existem vários campos diferentes da medicina e da ciência devotados a tratá-lo e a estudá-lo, incluindo a neurologia, que trata distúrbios físicos do cérebro; a psicologia, que inclui o estudo dos processos comportamentais e mentais; e a psiquiatria, que trata doenças mentais e distúrbios. Alguns aspectos de cada um tendem a se sobrepor, e outros campos se cruzam dentro do estudo do cérebro também.

Essas disciplinas estão aí de alguma forma desde os tempos antigos, por isso você poderia pensar que até o momento já deveríamos saber tudo o que há para saber sobre o cérebro. Nada poderia ir além da verdade. Depois de milhares de anos de estudo e tratamento de cada aspecto dele, ainda há muitas facetas do cérebro que permanecem um mistério. E porque o cérebro é tão complexo, tendemos a simplificar a informação sobre como ele funciona para torná-lo mais compreensível.

Ambas essas coisas colocadas juntas resultaram em muitos mitos sobre o cérebro. A maioria não está totalmente fora - nós apenas não ouvimos a história toda. Vamos dar uma olhada nos mitos que têm circulado sobre o cérebro, começando com sua cor.

Você já parou para pensar na cor do seu cérebro? Talvez não, a menos que você trabalhe na área médica. Temos todas as cores do arco-íris em nossos corpos na forma de sangue, tecido, osso e outros líquidos. Mas você deve ter visto cérebros preservados em vidros na sala de aula ou na TV. Na maioria das vezes, esses cérebros são de uma coloração branca, cinza, verde ou amarelada. Na verdade, o cérebro vivo e pulsante que reside no seu crânio não é apenas de um insosso e frio cinza. É também branco, preto e vermelho.

Como muitos mitos sobre o cérebro, este tem um pouco de verdade, porque muito do cérebro é cinza. Às vezes, o cérebro todo é referido como massa cinzenta. O famoso detetive Hercule Poirot, dos livros de mistério da escritora Agatha Christie, diz com frequência que está usando suas "pequenas células cinzas". A massa cinzenta existe em cada uma das várias partes do cérebro (assim como na medula); ela consiste de diferentes tipos de células, como os neurônios. Contudo, o cérebro também contém massa branca, que inclui as fibras nervosas que conectam a massa cinzenta.

O componente negro é chamado de substantia nigra, que ó o latim para (você adivinhou!) "substância preta". Ela é preta por causa da neuromelanina, um tipo especializado do mesmo pigmento que colore pele e cabelos, e é uma parte do gânglio basal. Finalmente, nós temos o vermelho - graças aos muitos vasos sanguíneos no cérebro. Então, por que os cérebros preservados têm aparência fria do giz em vez de esponjosa e colorida? Reclame com os fixadores - como o formaldeído - que mantêm o cérebro preservado.

Da cor para o som. O próximo mito pode fazer você repensar suas escolhas musicais.

Você não se sente culto ao sintonizar a estação de música clássica no rádio ou na internet e ouvir uma ópera ou uma sinfonia de um grande compositor como Mozart? Baby Einstein, uma empresa que faz DVDs, vídeos e outros produtos para bebês incorporando arte, música e poesia clássica, é uma franquia de 1 milhão de dólares. Pais compram os produtos porque acreditam que a exposição à grande arte (como os DVDs e CDs Baby Mozart) pode ser bom para o desenvolvimento cognitivo de seus filhos. Há até CDs de música clássica criados para ser tocados durante a gravidez, para o feto em desenvolvimento. A ideia de que ouvir música clássica pode aumentar sua capacidade cerebral se tornou tão popular que foi apelidada de "O efeito Mozart". Então como esse mito começou?

Nos anos 1950, um médico de ouvido, garganta e nariz chamado Albert Tomatis começou a tendência, alegando que o uso da música de Mozart foi um sucesso para ajudar pessoas com distúrbios de fala e de audição. Nos anos 90, 36 estudantes em um estudo da Universidade da Califórnia em Irvine ouviram 10 minutos de uma sonata de Mozart antes de fazerem um teste de QI. De acordo com Gordon Shaw, o psicólogo encarregado do estudo, a pontuação dos estudantes subiu em torno de oito pontos. O efeito Mozart acabava de nascer.

Um músico chamado Dan Campbell registrou a frase e criou uma linha de livros e CDs baseados no conceito, e Estados como a Geórgia, a Flórida e o Tennessee separaram dinheiro para música clássica para bebês e outras crianças pequenas. Campbell e outros foram mais longe, afirmando que ouvir Mozart pode até melhorar a saúde das pessoas.

Contudo, o estudo da UC Irvine original foi controverso na comunidade científica. Frances Rauscher, pesquisador envolvido no estudo, declarou que eles nunca afirmaram que ouvir Mozart tornava as pessoas mais inteligentes; apenas que aumentava o desempenho em certas tarefas espaço-temporais. Outros cientistas foram incapazes de reproduzir os resultados originais, e não há atualmente nenhuma informação científica para provar que ouvir Mozart, ou qualquer música clássica, faz alguém ficar mais esperto. Rauscher até disse que o dinheiro gasto por aqueles Estados seria de mais utilidade em programas de música - há algumas evidências que mostram que aprender um instrumento melhora a concentração, a auto-confiança e a coordenação.

Mozart certamente não pode lhe fazer mal, e você até pode gostar dele se você tentar, mas não conseguirá ficar mais inteligente.

Quando você pensa em como nosso cérebro se parece, provavelmente imagina dois lobos de massa cinzenta arredondada cobertos por "rugas". À medida que os humanos evoluíram como espécie, nossos cérebros cresceram para acomodar todas as futuras funções que nos diferenciam dos outros animais. Mas para manter o cérebro compacto o suficiente para caber no crânio proporcional ao resto do tamanho do nosso corpo, o cérebro dobrou-se enquanto crescia. Se nós desdobrarmos todas as cadeias de montanhas e cavidades, o cérebro seria do tamanho de uma fronha. As montanhas são chamadas giros, e as cavidades são chamadas sulcos. Vários desses giros e sulcos têm até nomes, e há variações de como exatamente eles se parecem de uma pessoa para outra.

Nós não começamos com cérebros enrugados, contudo; um feto em seu desenvolvimento tem um cérebro pequeno e liso. À medida em que o feto cresce, seus neurônios também crescem e migram para diferentes áreas do cérebro, criando os sulcos e os giros. Quando alcança 40 semanas, seu cérebro é tão enrugado quanto o de um adulto (menor, é claro). Por isso não desenvolvemos novas rugas enquanto aprendemos. As rugas com as quais nascemos são as rugas com as quais vivemos e morremos - assumindo que nossos cérebros permaneçam saudáveis.

Nossos cérebros mudam, sim, quando aprendemos - não só na forma de sulcos e giros adicionais. Esse fenômeno é conhecido como plasticidade do cérebro. Ao estudarem mudanças nos cérebros de animais como ratos enquanto aprendiam tarefas, pesquisadores descobriram que as sinapses (as conexões entre os neurônios) e as células sanguíneas que suportam os neurônios crescem e aumentam em número. Alguns acreditam que nós conseguimos novos neurônios quando fazemos novas memórias, mas isso ainda não foi provado em cérebros de mamíferos como o nosso.

Se você já teve a sensação de que havia mensagens escondidas em comerciais, séries de TV ou filmes, o próximo mito deve interessá-lo.

O conceito de mensagens subliminares alimenta nossa suspeita sobre o que o governo, as grandes corporações e a imprensa estão realmente tentando nos dizer. Uma mensagem subliminar (significando sob o "limen", ou nosso limite de percepção consciente) é uma mensagem embutida dentro das imagens ou de sons para penetrar nosso subconsciente e influenciar nosso comportamento. A primeira pessoa a cunhar o termo foi James Vicary, um pesquisador de mercado. Em 1957, Vicary declarou que ele inseriu mensagens dentro de um filme que estava sendo exibido em New Jersey. As mensagens, que piscavam por 1/3000 de um segundo, diziam aos espectadores para beber Coca-Cola e comer pipoca.

De acordo com Vicary, as vendas da Coca-Cola no cinema aumentaram cerca de 18%, e as de pipoca, mais de 57%, provando que suas mensagens subliminares funcionavam. Livros publicados no final dos anos 50 e começo dos 70 mostravam como os anunciantes poderiam usar técnicas como a de Vicary para convencer os consumidores a comprar seus produtos. Alguns comerciais de rádio e TV incluíram mensagens subliminares, mas muitas redes e associações profissionais as baniram. Em 1974, a FCC baniu por completo o uso de publicidade subliminar.

Mas as mensagens funcionavam? Acontece que Vicary na verdade mentiu sobre os resultados de seu estudo. Estudos subsequentes, incluindo um que piscava a mensagem "Telefone agora" durante a transmissão de uma estação de TV canadense, não teve efeito sobre os telespectadores. O infame julgamento do Judas Priest nos anos 90, em que as famílias de dois jovens que cometeram suicídio alegavam que uma canção da banda dizia aos garotos para fazê-lo, terminou com o juiz declarando que não havia evidência científica em seu favor. Ainda assim, algumas pessoas afirmam que a música, bem como anúncios, contêm mensagens escondidas.

Por isso, escutar aquelas fitas de auto-ajuda enquanto você dorme provavelmente não vai machucá-lo, mas também não vão ajudá-lo a parar de fumar.

Muitos animais podem usar seu cérebro para fazer algumas coisas que os humanos não podem, como encontrar formas criativas para solucionar problemas, mostrar auto-consciência, mostrar empatia por outros e aprender como usar ferramentas, Mas embora os cientistas não concordem com uma definição única do que torna uma pessoa inteligente, eles geralmente concordam que os humanos são as mais inteligentes criaturas na Terra. Na nossa sociedade "maior é melhor", então, essa deve ser a razão para os humanos terem o maior cérebro de todos os animais, porque nós somos os mais inteligentes. Bem, não exatamente.

O cérebro de um adulto mediano pesa cerca de 1,3 kg. O golfinho - um animal muito inteligente - também tem um cérebro que pesa cerca de 1,3 kg em média. Mas a baleia cachalote, que não é considerada tão inteligente quanto o golfinho, tem um cérebro que pesa 7,8 kg. No lado menor da balança, o cachorro beagle tem um cérebro que pesa 72 g, e o do orangotango tem apenas 370g. Tanto o cachorro quanto o orangotango são animais bem inteligentes, mas eles têm cérebros pequenos. Um pássaro como o papagaio tem um cérebro que pesa menos do que 1 grama.

Você deve ter notado alguma importância em todas essas comparações. O corpo de um golfinho médio pesa cerca de 158,8 kg, enquanto uma cachalote pode chegar a 13 toneladas. Em geral, quanto maior o animal, maior o crânio, e, consequentemente, maior o cérebro. O beagle é um cachorro razoavelmente pequeno, com cerca de 11 kg no máximo - razão pela qual seu cérebro é tão pequeno. A relação entre o tamanho do cérebro e a inteligência não é sobre o peso do cérebro; é sobre a relação do peso do cérebro com o peso de todo o corpo. Para humanos, essa relação é de 1 para 50. Para a maioria dos outros mamíferos, é de 1 para 80, e para pássaros, de 1 para 220. O cérebro pesa mais em um humano do que em outros animais.

Inteligência também tem a ver com os diferentes componentes do cérebro. Os mamíferos têm córtexes cerebrais muito grandes, ao contrário dos pássaros, peixes ou répteis. O cerebelo nos mamíferos hospeda os hemisférios cerebrais, que são responsáveis por funções mais altas, como memória, comunicação e pensamento. Humanos têm o maior córtex cerebral entre os mamíferos, em relação ao tamanho de seus cérebros.

Em um momento na história, a decapitação era um dos métodos preferidos de execução, em parte graças à guilhotina. Embora muitos países que executam criminosos tenham acabado com este método, ele ainda é usado por certos governos, terroristas e outros. Não há nada mais final do que arrancar a cabeça de alguém. A guilhotina surgiu devido ao desejo de uma morte rápida e relativamente humana. Mas quão rápida ela é? Se sua cabeça fosse cortada fora, você ainda seria capaz de ver ou movê-la, mesmo que por alguns segundos?

Esse conceito apareceu pela primeira vez durante a revolução Francesa, período em que a guilhotina foi criada. Em julho de 1793, uma mulher chamada Charlotte Corday foi executada pela guilhotina pelo assassinato de Jean-Paul Marat, jornalista radical, político e revolucionário. Marat era adorado por suas ideias, e a massa que esperava a guilhotina estava ansiosa para ver Corday pagar. Depois que a lâmina desceu e a cabeça de Corday caiu, um dos executores a pegou e deu um tapa em sua bochecha. De acordo com testemunhas, os olhos de Corday viraram e olharam para o homem, e seu rosto mudou para uma expressão de indignação. Depois desse incidente, pessoas executadas pela guilhotina durante a Revolução eram instadas a piscar na sequência, e testemunhas afirmaram que a piscada ocorria por até 30 segundos.

Outro conto frequentemente contado de demonstração de consciência seguindo a degola data de 1905. O médico francês Gabriel Beaurieux testemunhou a degola de um homem chamado Languille. Ele escreveu que imediatamente após a decapitação, "as pálpebras e os lábios... moveram-se em contrações rítmicas irregulares por cerca de cinco ou seis segundos". Beaurieux chamou o nome de Languille e disse que as pálpebras dele "abriram-se devagar, sem qualquer contração espasmódica" e que "suas pupilas se focaram" [fonte: Kershaw]. Isso aconteceu uma segunda vez, mas na terceira vez que Beaurieux chamou por Languille, não obteve resposta.

Essas histórias parecem dar credibilidade à ideia de que é possível para alguém permanecer consciente, mesmo que por alguns segundos, depois de ser decapitado. Contudo, os médicos mais modernos acreditam que as reações descritas acima são, na verdade, movimentos reflexos dos músculos, em vez de movimento consciente e deliberado. Separado do coração (e, por consequência, do oxigênio), o cérebro imediatamente entra em coma e começa a morrer. De acordo com Harold Hillman, a consciência é "provavelmente perdida entre 2 e 3 segundos, devidos à rápida queda do bombeamento do sangue intracraniano [fonte: New Scientist].

Por isso, embora não seja inteiramente impossível para alguém ainda estar consciente depois de ter a cabeça cortada, não é provável. Hillman também aponta que a assim chamada guilhotina indolor é qualquer coisa menos isso. Ele declara que "a morte ocorre devido à separação do cérebro e da medula espinhal, depois da transecção dos tecidos que a cercam. Isso causa dor aguda e possivelmente severa". Essa é um das razões pelas quais a guilhotina, e a decapitação em geral, não é mais um método de execução aceito em muitos países com pena capital.

Lesão cerebral é algo extremamente assustador. Para algo tão misterioso e maravilhoso, o cérebro pode, na verdade, ser muito frágil e suscetível a lesões múltiplas. O dano no cérebro pode ser causado por uma infecção ou um acidente, e significa essencialmente a morte das células do cérebro. Para muitas pessoas, a mera ideia de dano cerebral conjura imagens de pessoas em estados vegetativos persistentes, ou, no mínimo, de invalidez física ou mental permanente.

Quanto tempo dura o dano cerebral? Depende do local e do tamanho da lesão

Mas esse nem sempre é o caso. Há muitos diferentes tipos de dano cerebral, e exatamente como eles afetarão alguém depende muito da sua localização e do quão grave eles são. Um dano leve no cérebro, como uma concussão, geralmente ocorre quando o cérebro salta dentro do crânio, resultando em sangramento e laceração. O cérebro pode se recuperar de machucados pequenos incrivelmente bem; a vasta maioria das pessoas que experimentam uma lesão leve no cérebro não experimenta invalidez permanente.

Na outra ponta do espectro, uma lesão cerebral grave significa que o cérebro sofreu danos extensos. Isso às vezes exige uma cirurgia para remover coágulos ou aliviar a pressão intracraniana. Para quase todos os pacientes que sofrem danos cerebrais graves, o resultado é dano permanente e irreversível.

E aqueles que ficam no meio? Algumas pessoas com dano cerebral experimentam invalidez permanente, mas podem recuperar-se parcialmente de suas lesões. Se os neurônios estão danificados ou perdidos, eles não podem crescer novamente - mas as sinapses, ou as conexões entre os neurônios, podem. Essencialmente, o cérebro cria novas trilhas entre os neurônios. Além disso, áreas do cérebro não originalmente associadas com algumas funções podem assumir o controle delas e permitir que o paciente reaprenda como fazer as coisas. Lembra-se do fenômeno da plasticidade do cérebro mencionado no mito sobre as rugas cerebrais? É assim que pacientes de derrames, por exemplo, podem recuperar habilidades de fala e motora através de terapia.

A coisa importante a se lembrar é que ainda há muitas coisas desconhecidas sobre o cérebro. Quando uma pessoa é diagnostica com lesão no cérebro, nem sempre é possível para os médicos saber exatamente quão bem alguém será capaz de se recuperar do dano. Pacientes surpreendem os médicos sempre e excedem as expectativas do que são capazes de fazer dias, meses e até anos depois. Nem todo dano cerebral é permanente.

Falando de dano cerebral, no próximo mito, vamos olhar os efeitos das drogas em nosso cérebro.

Exatamente como os diferentes tipos de drogas afetam o cérebro é um assunto bem controverso. Algumas pessoas alegam que apenas o uso de drogas mais graves pode ter qualquer efeito duradouro, enquanto outros acreditam que a primeira vez que você usa uma droga, está provocando um dano de longo prazo. Um estudo recente afirma que usar drogas como maconha apenas causa perdas pequenas de memória, enquanto outro firma que o uso pesado de maconha pode encolher partes do cérebro permanentemente. Quando se trata de usar drogas como cocaína ou ecstasy, algumas pessoas até acreditam que você pode, na verdade, fazer buracos no seu cérebro.

Na verdade, a única coisa que pode de fato fazer um buraco no seu cérebro é um trauma físico. Pesquisadores alegam, sim, que as drogas podem causar mudanças de curto e longo prazo no cérebro. Por exemplo, o uso da droga pode baixar o impacto de neurotransmissores (químicos naturais usados para comunicar sinais no cérebro) como a dopamina, motivo pelo qual os viciados precisam de mais e mais da droga para atingir a mesma sensação. Além disso, mudanças nos níveis dos neurotransmissores podem resultar em problemas com funções neurológicas. Se isso é ou não reversível é algo para debate.

Por outro lado, um estudo publicado na revista "New Scientist" de agosto de 2008 mostra que o uso prolongado de algumas drogas na verdade provoca o crescimento de certas estruturas no cérebro, resultando em uma mudança permanente. Eles dizem que é por isso que é tão difícil mudar o comportamento dos viciados.

Mas embora o júri ainda esteja decidindo sobre como exatamente as drogas podem afetar o cérebro no longo prazo, nós podemos ter razoável certeza de uma coisa: nenhuma droga faz buracos no cérebro.

A seguir, vamos ver o que o álcool faz no nosso cérebro.

Apenas a observação de uma pessoa bêbada é suficiente para nos convencer de que o álcool afeta diretamente o cérebro. Pessoas que bebem até ficar bêbadas acabam com a fala mole e capacidades motoras e de julgamento comprometidas, entre outros efeitos colaterais. Muitas delas sofrem de dor-de-cabeça, náusea e outros efeitos colaterais desagradáveis na sequência - em outras palavras, uma ressaca. Mas alguns poucos drinks no final de semana, ou mesmo uma sessão de bebedeira ocasional, são suficientes para matar as células do cérebro? E a bebedeira por farra ou a frequente ingestão de bebidas dos alcóolicos?

Nem tanto. Até em alcóolicos, o uso do álcool não resulta de fato em morte das células do cérebro. Ele pode, contudo, danificar as terminações nervosas, chamadas de dendritos. Isso resulta em problemas no transporte de mensagens entre os neurônios. A célula em si não é danificada, mas a forma como ela se comunica com outras é alterada. De acordo com pesquisadores como Roberta J. Pentney, professora de anatomia e biologia celular da Universidade de Buffalo, esse dano é reversível na maioria das vezes.

Alcoólicos desenvolvem um distúrbio neurológico chamado síndrome de Wernicke-Korsakoff, que pode resultar em perda de neurônios em algumas partes do cérebro. Essa síndrome também causa problemas de memória, confusão, paralisia dos olhos, falta de coordenação muscular e amnésia. E pode levar à morte. Contudo, o distúrbio não é causado pelo álcool em si. Ele é o resultado da deficiência de tiamina, uma vitamina B essencial. Não apenas os alcóolicos graves são frequentemente malnutridos, como o consumo extremo de álcool pode interferir na absorção da tiamina pelo corpo.

Por isso, embora o álcool não mate as células do cérebro, ele pode danificar seu cérebro se você beber em quantidades massivas.

Quanto do seu cérebro você já usou enquanto lia essa lista de mitos? O próximo e último mito para explicar tudo.

Com frequência nos dizem que usamos apenas 10% de nosso cérebro. Pessoas famosas como Albert Einstein e Margaret Mead teriam dito variações disso. Esse mito é provavelmente um dos mais conhecidos mitos sobre o cérebro, em parte porque tem sido publicado na mídia sempre. De onde veio isso? Muitas fontes apontam para um psicólogo americano do começo dos anos 1900 chamado William James, que disse que "uma pessoa comum raramente atinge senão uma pequena porção de seu potencial" [fonte: AARP]. De algum modo, isso foi convertido no uso de apenas 10% do nosso cérebro.

À primeira vista, isso parece realmente enigmático. Por que teríamos o maior cérebro em proporção ao nosso corpo entre os animais (como discutido no sexto mito desta lista) se nós não usamos de fato todo ele? Muitas pessoas pularam na ideia, escrevendo livros e vendendo produtos que diziam aproveitar o poder dos outros 90%. Crentes nas habilidades psíquicas, como percepções extrassensoriais, usam isso como prova, alegando que pessoas com essas habilidades usavam o resto de seu cérebro.

Eis aqui uma coisa: isso não é realmente verdade. Além daqueles 100 bilhões de neurônios, o cérebro também está cheio de outros tipos de células que estão continuamente em uso. Podemos nos tornar incapazes por danificar apenas uma pequena área do cérebro, dependendo de sua localização, por isso não há como funcionarmos com apenas 10% de nosso cérebro em uso.

Imagens do cérebro mostraram que não importa o que estamos fazendo, nosso cérebro está sempre ativo.

Algumas áreas são mais ativas que outras, mas a menos que tenhamos dano cerebral, não há uma parte do cérebro que não esteja funcionando. Aqui está um exemplo. Se você estiver sentado na mesa, comendo um sanduíche, você não está usando ativamente seu pé. Você está concentrado em levar o sanduíche à boca, mastigá-lo e engoli-lo. Mas isso não significa que seus pés não estejam funcionando - ainda há atividade neles, como fluxo sanguíneo, mesmo quando você não os está movendo.

Por isso não existe potencial extra escondido que você possa mexer, em termos do espaço no cérebro. Talvez em capacidade, mas isso é outra história. Há muito ainda a aprender sobre ele.

Muita coisa !

FONTES : Shanna Freeman. "HowStuffWorks - 10 mitos sobre o cérebro". Publicado em 28 de dezembro de 2009 http://saude.hsw.uol.com.br/10-mitos-sobre-o-cerebro10.htm (30 de abril de 2011)

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Archives of General Psychiatry, Volume 6, issue 3, June 2008

sexta-feira, 29 de abril de 2011

"ESTUDO - DIETA RICA EM GORDURAS REVERTE INSUFICIÊNCIA RENAL CAUSADA POR DIABETES"


Uma dieta rica em gordura e com poucos carboidratos pode reverter a insuficiência renal em camundongos com diabete, segundo um estudo realizado por cientistas americanos.

Na pesquisa, divulgada na publicação científica PLoS ONE, os cientistas da Mount Sinai School of Medicine, de Nova York, analisaram os efeitos de uma dieta composta de 87% de gorduras sobre um grupo de camundongos com predisposição a ter os tipos 1 e 2 de diabete.

O excesso de açúcar no sangue nos diabéticos pode provocar danos nos rins, gerando um quadro de insuficiência renal.

As cobaias foram divididas em dois grupos. Quando a insuficiência renal se manifestou, metade delas passou a receber uma dieta normal e a outra, a dieta com muita gordura.

Depois de oito semanas, os cientistas notaram que os danos nos rins dos roedores haviam sido revertidos.

Médicos e nutricionistas alertam que a dieta rica em gordura, que reproduz os efeitos da inanição, não deve ser realizada sem acompanhamento médico.

Dúvidas

"O nosso estudo é o primeiro a demonstrar que uma intervenção por meio de dieta por si só é suficiente para reverter esta complicação grave da diabete", afirmou o professor Charles Mobbs, que liderou a pesquisa.

"Eu certamente acho que (a pesquisa) traz uma esperança, mas eu não posso recomendá-la até que tenhamos feito testes clínicos", completou.

O diretor de pesquisas da entidade britânica Diabetes UK, que combate a doença, levantou dúvidas sobre o estudo, questionando a capacidade de humanos conseguirem manter esta dieta de forma saudável.

"Esta pesquisa foi conduzida com camundongos, então é difícil ver se estes resultados se traduziriam em benefícios reais para pessoas com diabetes neste estágio", afirmou.

De acordo com números de 2007, citados pelo Ministério da Saúde, a diabete afeta mais de 6,3 milhões de brasileiros, ou 5,2% da população adulta.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

ALERTA - "SEU CIRURGIÃO PODE ESTAR BÊBADO"

(NÃO..ISTO NÃO É PIADA!)


Bafômetro começa a ser usado em médicos na sala de cirurgia nos Estados Unidos..E AQUI ???

O que pensaria se um cirurgião participasse de uma festa de arromba na véspera de uma operação na qual você é o paciente?

É provável que sua reação fosse negativa. Mas o fato é que não há regras limitando a quantidade de álcool que um cirurgião pode consumir na véspera de um dia na sala de operações.

E isso apesar do fato de 42% dos funcionários do sistema de saúde dos Estados Unidos admitirem já ter ido ao trabalho de ressaca, de acordo com estudo realizado recentemente !

Na classe médica, os cirurgiões são conhecidos como particularmente afeitos ao álcool, de acordo com outros estudos e com a observação de muitos profissionais da área.

Assim, um grupo de pesquisadores realizou um experimento incomum, publicado na revista científica Archives of Surgery. Eles reuniram seis cirurgiões muito experientes em procedimentos de laparoscopia - um tipo de cirurgia considerada minimamente invasiva - e os convidaram para jantar num restaurante.

Com a comida, foi oferecida aos médicos uma quantidade ilimitada de álcool, seguida pela orientação de que bebessem até se sentirem embriagados.

Os pesquisadores levaram os médicos até suas casas naquela noite e os buscaram na manhã seguinte, deixando-os num laboratório equipado com um simulador que usa a realidade virtual. O aparelho é usado no treinamento das técnicas de laparoscopia.

O estudo se concentrou nos procedimentos de laparoscopia porque eles "exigem muito" das "capacidades cognitivas, perceptivas e visual-espaciais", que podem ser prejudicadas pela bebida.

Os cirurgiões foram testados no simulador às 9h, às 13h e às 16h. Em cada um dos testes, suas habilidades cirúrgicas se mostraram prejudicadas em relação ao resultado de um teste controle.

No entanto, apenas os resultados obtidos às 13h apresentaram piora estatisticamente significativa em relação aos resultados do teste controle.

Entre os problemas observados, os cirurgiões cometeram mais erros e foram menos eficientes no emprego do aparelho para queimar tecido como parte do processo cirúrgico. À tarde, os cirurgiões também demoraram mais do que o normal para concluir as cirurgias virtuais, mas, no teste realizado às 9h, eles concluíram o procedimento num tempo abaixo do considerado padrão.

Todos os cirurgiões foram testados com um bafômetro antes do início das cirurgias virtuais. Cinco dos seis participantes passaram no teste.

Mas os pesquisadores não ficaram animados com o pequeno número de pessoas que disseram sentir os efeitos da ressaca. Em vez disso, eles se disseram preocupados com o fato de os cirurgiões terem enfrentado problemas nas operações virtuais apesar de aparentarem estar sóbrios.

O estudo teve proporções pequenas demais para que os pesquisadores determinassem por quanto tempo os médicos devem se manter longe da bebida antes de participar de uma cirurgia. Entretanto, eles aconselham que, "levando-se em consideração os significativos desafios cognitivos, perceptivos, visual-espaciais e psicomotores envolvidos nas técnicas modernas de cirurgia orientada por imagens, abster-se do álcool na véspera de uma cirurgia pode ser algo recomendável para os cirurgiões".


ESTADÃO E REUTERS - 27/04/2011

"GERIATRIA - A IMPORTÃNCIA DA REPOSIÇÃO DE HORMÔNIOS BIO IDÊNTICOS"



A Presidente da Academia Brasileira de Medicina Antienvelhecimento, a cirurgiã plástica, Dra.Edith Horibe explica como é possível prevenir o envelhecimento parcial das pessoas devido ao declínio dos hormônios.

O envelhecimento é um processo que acontece com inevitáveis complicações que desencadeiam em doenças cardiovasculares, diabetes, câncer, demência, assim como no declínio das habilidades cognitivas e físicas. A nova ciência chamada Antienvelhecimento, tem como objetivo prevenir e possivelmente reverter alguns dos processos de envelhecimento, não somente tratando as complicações.

Para a Dra. Edith Horibe, cirurgiã plástica, expoente em Gestão Antienvelhecimento e em Estética Médica uma das possibilidades está na modulação hormonal, hormônios bioidênticos, tais como HGH, testosterona para homens e mulheres, estrógenos e progesterona para mulheres, tais como DHEA, pregnenolona e melatonina, que pode significantemente alterar o processo de envelhecimento.

Vale ressaltar que o gerenciamento do Antienvelhecimento está alicerçado numa expressiva mudança do estilo de vida, que deve ser supervisionado por médicos voltados a orientar e otimizar a saúde dos pacientes, preservando-a pela vida inteira. Por exemplo: comer adequadamente, tomar vitaminas, controlar o peso, praticar exercícios e a meditação em especial que reduz o estresse, já modulação hormonal e tratamentos estéticos faciais e corporais ajudam a manter a aparência mais jovial.

"Eu recomendo fortemente seguir as respectivas mudanças no estilo de vida, e assim com mais consciência, dar passos coerentes que levam as pessoas a se tornarem mais saudáveis, pois sabemos que existe a possibilidade de envelhecer graciosamente e inteiramente bem até aos 90, 100 ou mais anos de idade", explica a Dra. Edith Horibe.

Para a especialista, algumas opções simples, interessantes e acessíveis fazem toda a diferença se encaradas com determinação e seriedade, como:

Exercício: Caminhar é uma excelente maneira de se exercitar e isso pode ser feito pelo menos 30 minutos por dia.

Dieta saudável e equilibrada.

Peso: Controlar o peso pode evitar problemas de saúde como diabetes e pressão alta.

Meditação: Redução do estresse e equilíbrio físico e psico. Reserve um tempo, todos os dias, para fazer coisas prazerosas que reduzem angústia e ansiedade, além do estresse.

Complementos Nutricionais: O corpo necessita desses nutrientes, que são essências para o funcionamento adequado de suas funções.

Tratamentos Antienvelhecimento

Evitar exposição solar, tabagismo e poluição do ar, que são agentes responsáveis pela formação de radicais livres, que na verdade são moléculas que sofrem altas modificações, e na tentativa de neutralizarem-se atacam as células.

Neste processo as células ficam danificadas, causando sequelas como marcas de idade, mudanças na pigmentação e no viço da pele, deixando-a com o aspecto de envelhecida. É possível atenuar as lesões na derme com loções que contenham componentes especiais e antioxidantes, como: Coenzima Q, vitamina C, ácido lipólico, DMAE, vitamina E e outros.

Modulação Hormonal com bio idênticos: aos 24 anos, os níveis hormonais estão no seu pico mais alto, porém com o passar do tempo os hormônios declinam a ponto de que a partir dos 50 anos, geralmente o organismo passa a produzir somente 50% dos hormônios que controlam o metabolismo e a sexualidade.

Para manter a juventude é fundamental agregar várias atitudes para uma vida com qualidade e longevidade: alimentação balanceada, prática de exercícios físicos e administração do stress são considerados fatores preponderantes para a prevenção e tratamento do envelhecimento que acontece naturalmente com o passar do tempo.

[www.clinicahoribe.com.br].

terça-feira, 26 de abril de 2011


PESQUISA - "ANTIDEPRESSIVOS ESTREITAM ARTÉRIAS"


Uma pesquisa da Universidade Emory, em Atlanta, afirma que o uso constante e excessivo de medicamentos antidepressivos ajuda a estreitar os vasos sanguíneos.

Essa tendência influencia diretamente o risco de ataques cardíacos e derrame, motivo pelo qual essa pesquisa gerou preocupação e ganhou destaque em um congresso de cardiologia realizado recentemente nos EUA.

O estudo chegou a um numero exato: usar remédios contra a depressão causa um encolhimento de 370 micra (mícron é medida de alta definição usada na medicina) na artéria carótida, o que representa 5% da espessura. Essa média foi tirada de exames com 500 americanos de 55 anos de idade, usuários de medicamento antidepressivo.

Uma comparação interessante foi feita com 59 pares de gêmeos, onde um dos irmãos fazia uso desses remédios e o outro não. Aqueles que tomam o medicamento tiveram 41 micra de encolhimento a mais.

Os médicos se perguntaram se o encolhimento da artéria carótida não era fruto da depressão em si, e não do medicamento. Mas até agora não se encontrou evidências de que a depressão seja parte no processo.


Reuters

segunda-feira, 25 de abril de 2011

"FÍSICA QUANTICA - REENCARNAÇÃO QUANTICA COMPROVADA"

(Comprovado cientificamente : livre da observação, partículas atômicas voltam ao seu estado original e se comportam como onda frequêncial)


As partículas quânticas - também chamadas de partículas sub-atômicas - têm comprovadamente comportamentos que parecem ser absolutamente impensáveis. Como elas podem se comportar tanto como partículas quanto como ondas, elas podem, por exemplo, estar em vários lugares ao mesmo tempo.

Como é que algo assim tão contra-intuitivo pode ser a base para a construção do nosso mundo "clássico," onde as coisas se comportam como estamos acostumados, é uma questão ainda a ser respondida pela ciência.

A teoria atualmente aceita afirma que um objeto quântico pode estar em qualquer lugar dentre as possibilidades descritas por sua função de onda. Quando um cientista tenta medir essa onda/partícula, então ela imediatamente "colapsa", deixando de estar em qualquer lugar para estar apenas e tão somente naquele exato local onde a medição está sendo feita, comportando-se como se fosse um objeto clássico. Existe e manifesta-se tão somente para interagir com o "observador" !

E, para demonstrar que o mundo quântico pode ser ainda mais estranho, os físicos Andrew Jordan e Alexander Korotkov propuseram, em 2006, que seria possível "des-medir" - desfazer a medição - a onda/partícula, fazendo-a voltar ao seu exato estado quântico anterior, como se a medição não tivesse acontecido e, portanto, a partícula não tivesse sofrido qualquer alteração.

Agora, uma equipe da Universidade da Califórnia em Santa Barbara, nos Estados Unidos, conseguiu fazer esse experimento e comprovou a teoria. A experiência tem enorme importância para a física e tem grandes implicações sobre a utilização das teorias do mundo quântico para explicar questões de forma quase transcendental !

A nova teoria sugere que a fronteira entre o mundo quântico e o mundo clássico não é uma linha clara e bem definida como se pensava até agora. Em vez disso, os dados parecem demonstrar que essa fronteira é na verdade uma zona cinzenta, com uma amplitude ainda não conhecida, mas cujo tempo para ser cruzada é maior do que zero.

Reencarnação quântica

O pesquisador Nadav Katz e seus colegas, em um artigo que acaba de ser publicado no repositório arXiv, explicam como foram capazes até mesmo de "enfraquecer" a medição de uma partícula quântica, forçando apenas um colapso parcial - algo como um "estado de coma" de uma partícula quântica.

A seguir, relatam os pesquisadores, "[nós] desfizemos o dano que tínhamos feito," alterando certas propriedades da partícula e refazendo a medição. A partícula retornou ao seu estado quântico como se nada tivesse acontecido antes, ou seja, como se a primeira medição não tivesse sido feita.

Ressuscitando o gato de Schrodinger

No campo da física teórica, a nova descoberta coloca uma pitada adicional de "estranhice" no famoso "experimento" conhecido como gato de Schrodinger - um gato fechado em uma caixa contendo um frasco de veneno que estará aberto se uma partícula quântica estiver em um estado, e fechado se a partícula estiver em outro.

Em termos quânticos, o gato estará vivo e morto simultaneamente. Quando alguém abrir a caixa, porém - o equivalente a medir o estado quântico da partícula - a partícula colapsará e conheceremos o real estado do gato - vivo ou morto.

Agora que foi demonstrado que é possível reverter o estado da partícula, isso equivale a dizer que, estando o gato morto, poderá ser possível refazer o estado original da partícula e trazer de volta o gato à vida.

Criando realidades

Vários cientistas afirmam que, como a simples medição de uma partícula quântica afeta seu comportamento, de certa forma nós criamos a realidade à medida que interferimos com ela.

Katz, agora, afirma que a demonstração de que somos capazes de reverter o colapso da partícula quântica "nos diz que nós realmente não podemos assumir que qualquer medição crie a realidade porque é possível apagar os efeitos da medição e começar de novo."

Interpretações do mundo quântico

"Começar de novo" é uma questão que interessa a inúmeros teóricos - sem falar em todo um campo de literatura não-científica que floresce ao redor da "interpretação" das teorias do mundo quântico, tentando utilizá-las para descrever o mundo clássico.

Os físicos, contudo, continuam trabalhando na busca do entendimento das diferenças entre o mundo quântico e o mundo clássico, e de como um dá origem ao outro, sem transcendentalismos, mas com muita especulação bem fundamentada.

Andrew Jordan, por exemplo, um dos que propuseram a teoria que agora foi comprovada, acredita que a explicação poderá ser encontrada nas pesquisas de uma nova área chamada nanofísica, que estuda problemas físicos fundamentais que ocorrem em dimensões que estão em um meio-termo entre os dois mundos.

FONTE :
Uncollapsing of a quantum state in a superconducting phase qubit
arXiv
http://arxiv.org/abs/0806.3547

quinta-feira, 21 de abril de 2011

PESQUISA - "ESTUDOS CONFIRMAM QUE OBESOS POSSUEM FLORA INTESTINAL RUIM"


Os cientistas estão, nos últimos anos, começando a entender como vivem os trilhões de seres que há no intestino de cada ser humano. Ainda que seja você quem come chocolate todos os dias, uma flora intestinal que não ajuda pode ser a culpada pelos seus pneuzinhos, dizem os pesquisadores.

Em 2006, um estudo na "Nature" mostrou que gordos tinham um tipo diferente de flora intestinal. Não se sabia bem se a obesidade era causa ou consequência.

Três anos depois, um pesquisador americano, Jeffrey Gordon, da Universidade Washington, propôs na "Science Translational Medicine" que engordar era consequência. Ele dizia que as pessoas deveriam saber que tipo de bactérias há em seu intestino para saber se eram vulneráveis à obesidade.

Agora, um outro trabalho na "Nature" mostra que existem três diferentes tipos de flora intestinal. Do mesmo jeito que cada ser humano tem um tipo sanguíneo, todos tem um "tipo intestinal".

Cada um representa um tipo de bactéria diferente que predomina no intestino. Assim, ao menos por enquanto, esses tipos não tem nomes fáceis como "O positivo" ou "A negativo", mas "predominância de Bacteroides" ou "predominância de Prevotella".

Ficou claro para os pesquisadores que o tipo intestinal nada tem a ver com com a etnia do indivíduo, com o seu país de origem ou com a sua maneira de se alimentar.

Como cada bactéria tem uma eficiência diferente na hora de extrair energia dos alimentos, é possível que aquele amigo que come feito quem nunca viu comida e continua magro tenha tido a sorte de nascer com o tipo de flora intestinal certa.

Os cientistas, de várias instituições europeias (com colaboração da Universidade Federal de Minas Gerais), não conseguiram, porém, apontar qual das três floras intestinais é de gordinho e qual é de "magro de ruim". Estudaram bactérias de europeus, americanos e japoneses.

Era um grupo de poucas dezenas de pessoas. Os cientistas estão planejando repetir o trabalho agora com 400.

Mesmo que eles consigam novos resultados, certamente o tipo intestinal não será a única explicação para a obesidade. Outros fatores, como a alimentação e questões genéticas não relacionados ao intestino, certamente têm um peso grande.

De qualquer forma, não é possível subestimar o papel das bactérias no organismo humano.

Elas são muitas: enquanto o corpo humano tem cerca de 10 trilhões de células, cada pessoa carrega consigo mais de 300 trilhões de bactérias de todos os tipos.

Ou seja: há bem mais células de bactérias em você do que células de você mesmo.


FONTE : FOLHA

segunda-feira, 18 de abril de 2011

SAÚDE - "ESTRESSE PROLONGADO DESENCADEIA BIPOLARIDADE"

(O casamento de Catherine com notório esquizofrênico afetou profundamente a atriz)


A estrela de Hollywood Catherine Zeta-Jones, famosa por seu papel em “A máscara do Zorro” e vencedora do Oscar em 2003, se internou em um hospital psiquiátrico no início deste mês para tratamento do transtorno bipolar tipo II.

O assessor da atriz anunciou que a decisão de procurar um estabelecimento médico se deu, pelo menos em parte, devido ao estresse causado pelo tratamento contra o câncer de garganta de seu marido Michael Douglas, além de sua batalha judicial sobre rendimentos de filmes recentes.

Os grandes eventos da vida podem desencadear mudanças repentinas de humor em pessoas com a doença, mesmo se elas estivessem “indo bem”. Ou seja, mesmo que eles já estejam seguindo um tratamento, se relacionando bem com as pessoas à sua volta e contando com uma boa equipe de apoio, afirma David Solomon, professor de Psiquiatria Clínica da Universidade Brown, Rhode Island, EUA e diretor assistente do Programa de Transtornos do Humor no Hospital de Rhode Island.

O transtorno bipolar II inclui episódios de depressão e hipomania, uma euforia consideravelmente leve. O transtorno bipolar II é menos grave do que o I, que inclui a mania, hipomania e depressão mais intensa.

Transtornos de humor bipolar afeta 2,6% dos adultos nos EUA. A maioria dos casos, porém, são considerados graves, de acordo com o Instituto Nacional de Saúde. No Brasil, o transtorno atinge 5 milhões de pessoas. E atenção para os habitantes da cidade de São Paulo: chega a 8,6% da população os atingidos pela bipolaridade. No mundo, a taxa é de 2%

“Embora apenas Zeta-Jones e seu médico saibam o que provocou sua decisão de procurar ajuda, não me surpreenderia que um indivíduo sob tanta pressão e estresse acabasse sofrendo um episódio semelhante”, diz Solomon.

Os eventos estressantes não podem causar transtorno bipolar por si só, mas eles são capazes de “dar um empurrãozinho” em quem é geneticamente vulneráveis à mudança drástica de humor, coloca Solomon.

“A maioria das pessoas com a doença têm uma vulnerabilidade genética para o transtorno”, conta Solomon. Algumas pessoas que são criadas em lares estáveis ​​e amorosos podem nunca ter essa vulnerabilidade explorada, e viver a vida inteira sem manifestar qualquer sinal de distúrbio bipolar.

Entretanto, para muitas pessoas – que têm vulnerabilidade genética ou não – eventos estressantes desencadeiam uma piora no estado de saúde em geral, inclusive na lado emocional, como é possivelmente o caso de Zeta-Jones.

“Há muitos bons tratamentos, tais como medicamentos e psicoterapia, mas os pacientes respondem de forma muito variada a eles. Zeta-Jones certamente será capaz de se valer dos dois, o que é uma coisa boa. Espero que ela melhore”, completa Solomon.

[LiveScience]

sexta-feira, 15 de abril de 2011

"SAÚDE - NOVO APARELHO DE ULTRASOM DESTRÓI TUMORES CANCERÍGENOS SEM CIRURGIA"


Um novo aparelho de ultrassom que destrói tumores começou a ser usado no Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo).

O equipamento de última geração usa ondas de alta intensidade, que atingem só o tumor - elas são direcionadas com auxílio da ressonância magnética.

O tratamento dura de três a quatro horas e dispensa cortes. O paciente permanece consciente o tempo todo. As aplicações clínicas já estabelecidas são para miomas e metástases ósseas. O Icesp já fez seis tratamentos em miomas e vai começar a tratar os tumores nos ossos na próxima semana.

A previsão é usar a técnica em pesquisas clínicas para outros tipos de câncer. O ultrassom com foco de alta intensidade está sendo testado para tumores cerebrais, de mama e de próstata, nos EUA, na Europa e na Ásia.

O Icesp também está desenvolvendo pesquisas para levar remédios ao tumor com auxílio do aparelho.

Nesse tipo de tratamento, quimioterápicos em alta concentração são "envelopados" em cápsulas sensíveis ao calor. Aquecidas pelo ultrassom, liberam a droga apenas no local do câncer.

O aparelho, chamado Hifu (ultrassom com foco de alta intensidade, na sigla em inglês), foi desenvolvido por uma empresa israelense. O Estado de São Paulo pagou R$ 1,5 milhão por ele.
Segundo Marcos Menezes, radiologista do Icesp e do Hospital Sírio-Libanês, o novo aparelho emite ondas 20 mil vezes mais intensas que as do ultrassom comum, usado em exames de imagem.

São emitidos mais de mil feixes de ondas, que se concentram na área a ser atingida, em um foco de 1 mm de diâmetro. O processo é similar ao da lente de aumento, que focaliza múltiplos raios de luz em um único ponto. Cada feixe de ultrassom isoladamente passa pelos tecidos sem causar dano. É só onde os feixes convergem que acontece o superaquecimento que queima o tumor.

RESTRIÇÕES

Para o cirurgião oncológico Ademar Lopes, do Hospital A.C. Camargo, o uso cirúrgico do ultrassom ainda está no início. "Precisamos de mais pesquisas para comprovar a eficácia e saber se os tumores não voltam."

O secretário de Estado da Saúde de São Paulo, Giovanni Cerri, diz que é vocação do Icesp incorporar novas tecnologias. "A vantagem do ultrassom é que é totalmente não invasivo."

Mesmo assim, o tratamento é dolorido. A assistente social Maristela de Oliveira, 47, tratou de dois miomas com a nova tecnologia. "A sensação é como uma cólica muito forte", afirma.

Menezes lembra que a tecnologia, embora segura, tem limitações: "Dependendo da localização do tumor, não pode ser usada. Se as ondas cruzam órgãos onde há gases, como pulmão ou intestino, elas são refletidas e podem queimar os tecidos em volta."

O aparelho não pode ser usado em quem usa marca-passo próteses metálicas.

Joel Silva/Folhapress