Notícia sensacional para quem tem dependente químico na família.
Uma nova tecnologia desenvolvida na Faculdade de Medicina da USP conseguiu
reduzir em 80% o desejo de usar cocaína e em 60% o consumo da droga, bem mais do
que as terapias com remédios, que diminuem a chamada “fissura” em até 30%.
A técnica, que aumenta as esperanças no combate à dependência química, usa
estímulos eletromagnéticos no crânio e faz parte da pesquisa de mestrado do
psiquiatra Philip Ribeiro.
“Os resultados da estimulação magnética são
muito bons”, afirmou Ribeiro em entrevista à REVISTA INFO.
O tratamento
É ambulatorial, ou seja, o paciente não precisa ser internado.
O paciente deve fazer 20 sessões de 15 minutos, cinco vezes por
semana.
Ele fica posicionado em uma cadeira ao lado de uma máquina.
Com uma bobina encostada na cabeça do paciente, o aparelho produz um
potente campo magnético e, ao oscilar, gera uma corrente elétrica.
Quando as aplicações terminam, o paciente vai para um grupo semanal de
prevenção de recaída por dois meses, coordenado por uma psicóloga, e recebe alta
ao final de três meses.
Como age
O método indolor age no cérebro do dependente de cocaína e ativa as regiões
responsáveis pelo poder de decisão e pela sensação de saciedade, que ficam
comprometidas durante crises de abstinência.
“O método estimula as áreas do cérebro do paciente que foram atrofiadas com
o uso da droga. A corrente estimula essas áreas para funcionar de uma maneira
mais eficaz”, diz.
Resultados
Os resultados do tratamento são acompanhados por exames de urina e
avaliações neuropsicológicas, que comprovaram a mudança de comportamento. “Os
pacientes apresentam diminuição da ansiedade e apresentam melhoria de humor.
O
tratamento reduz os sintomas da abstinência e faz com o que o paciente consiga,
mesmo quando tem vontade, não usar a droga”, diz Ribeiro.
Efeitos colaterais
São poucos. O sintoma mais comum é a dor de cabeça que, segundo Ribeiro,
não é insuportável a ponto de prejudicar o tratamento.
“O perfil de efeitos colaterais é baixo e temos normas de segurança muito
rígidas, como o intervalo entre as aplicações e potência da corrente aplicada”,
afirma.
A pesquisa
O estudo é o primeiro do mundo de caráter científico a analisar os efeitos
da estimulação magnética em dependentes de cocaína.
“Somos os primeiros a
desenvolver uma pesquisa que cientificamente tem valor e trabalha essa questão
de maneira mais aprofundada”, afirma Philip.
A técnica é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina para o tratamento
da depressão e outros transtornos psiquiátricos que não respondem a medicamentos
e também no tratamento da dor.
Apesar do pioneirismo e dos ótimos resultados do método em usuários de
cocaína, são necessárias novas pesquisas para que a técnica seja difundida pelo
mundo.
“Para cocaína e outras substâncias, o método não está aprovado porque as
pessoas precisam replicar os resultados. Precisamos ter certeza que o resultado
é o mesmo”, diz Ribeiro.
Mas o futuro da técnica parece ser promissor. “Em dois ou três anos,
teremos mais dados. Vários pesquisadores do nordeste, de Minas Gerais e do Rio
Grande do Sul, por exemplo, começarão suas pesquisas”, afirma.
Ribeiro já finalizou sua tese e defendeu o projeto de mestrado em novembro
de 2012.
O trabalho foi orientado pelo professor Marco Antonio Marcolin, da FMUSP.
“Nosso próximo passo é testar os tratamento em dependentes de crack.
O projeto
está sendo escrito no momento", diz.
(Com informações da Info.)
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