domingo, 8 de fevereiro de 2015

EPIGENÉTICA - "SUAS DEFESAS VEM DE FORA DE VOCÊ"


Um estudo com gêmeos realizado por cientistas da Universidade de Stanford (EUA) mostrou que o nosso ambiente, e não os genes que herdamos dos nossos pais, é o principal determinante do estado do nosso sistema imunológico, a defesa primária do corpo contra as doenças.
Isto é especialmente verdade à medida que envelhecemos, indica o estudo publicado na revista Cell.
Sonhos genéticos
Os cientistas acreditavam - muitos ainda acreditam - que os genes tinham papel determinante direto sobre a saúde humana, como se fossem chaves liga/desliga, e seu entendimento poderia predizer a saúde futura das pessoas.
 Mas, com algumas exceções notáveis, muito poucas variações genéticas individuais contribuem fortemente para doenças específicas.
Ambiente, não genes, explicam variações imunológicas humanas
Outro estudo recente conclama que devemos esquecer tudo o que pensávamos saber sobre genes e mutações. [Imagem: Art 4 Science]
"A ideia em alguns círculos [científicos e médicos] tem sido que, se você sequenciar o genoma de alguém, você poderá dizer quais doenças essa pessoa terá 50 anos mais tarde", comenta o Dr. Mark Davis, líder do estudo. "Contudo, embora a variação genômica desempenhe claramente um papel em algumas doenças, o sistema imunológico precisa ser extremamente adaptável a fim de lidar com episódios imprevisíveis de infecção, ferimentos e formação de tumores."
"Ao contrário dos ratos de laboratório com genética controlada, as pessoas têm heranças genéticas amplamente divergentes," continua Davis. "E quando você examina o sistema imunológico das pessoas, muitas vezes você encontra enormes diferenças entre elas. Então, nos perguntamos se isso reflete diferenças genéticas subjacentes ou alguma outra coisa.
Gêmeos idênticos e gêmeos fraternos
Para determinar as contribuições relativas da genética e do ambiente - as condições de vida de cada pessoa - Davis e seus colegas usaram um método largamente utilizado para separar influências ambientais das influências hereditárias: eles compararam pares de gêmeos monozigóticos - mais conhecidos como gêmeos idênticos, gerados do mesmo óvulo - com gêmeos dizigóticos - ou gêmeos fraternos, gerados ao mesmo tempo mas de dois óvulos.
Os gêmeos idênticos herdam o mesmo genoma, à exceção de alguns erros de cópia inevitáveis quando as células se dividem. Já os gêmeos fraternos não são mais parecidos geneticamente do que irmãos regulares, partilhando em média 50% dos seus genes.
Ambiente, não genes, explicam variações imunológicas humanas
Mesmo células geneticamente idênticas comportam-se de forma diferente no organismo. [Imagem: Andrew B. Stergachis et al./Science]
Como os dois tipos de gêmeos compartilham o mesmo ambiente no útero e geralmente compartilham o mesmo ambiente na infância, eles são excelentes para contrastar a hereditariedade genética em relação à influência ambiental.
A equipe então aplicou os melhores métodos laboratoriais de análise disponíveis nas amostras de sangue dos voluntários para medir mais de 200 componentes e atividades do sistema imunológico.
Genética e sistema imunológico
"Mas o que descobrimos foi que, na maioria dos casos, incluindo a reação a uma vacina padrão contra a gripe e outros tipos de resposta imunológica, há pouca ou nenhuma influência genética operando e, provavelmente, o meio ambiente e sua exposição a inúmeros micróbios é o fator principal."
"Influências não herdadas, particularmente micróbios, parecem desempenhar um papel gigantesco na variação imunológica," disse Davis. "Pelo menos para os primeiros 20 e poucos anos de sua vida, quando seu sistema imunológico está amadurecendo, este sistema incrível parece ser capaz de se adaptar a condições ambientais largamente diferentes.
"Um sistema imunológico humano saudável se adapta continuamente para seus encontros com agentes patogênicos hostis, bactérias amigáveis, componentes nutricionais e muito mais, ofuscando as influências da maioria dos fatores hereditários," concluiu o cientista.

FONTE : www.diariodasaude.com.b

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