(SINCRONISMO INSUSPEITO)
Um corpo crescente de resultados de pesquisas confirma a importância do "eixo" intestino-cérebro para a neurologia e indica que os gatilhos para uma série de doenças neurológicas podem ser localizados no trato digestivo.
Já existem indícios, por exemplo, de que a doença de Parkinson pode começar no intestino e migrar para o cérebro.
"O microbioma intestinal pode influenciar o sistema nervoso central, o desenvolvimento das células nervosas e o sistema imunológico. Uma melhor compreensão do seu efeito pode revolucionar nossas opções terapêuticas," afirmou a Dra. Patricia Lepage, do instituto INRA (França).
O microbioma intestinal é o agregado de microrganismos do intestino humano, incluindo todas as bactérias, archaea, vírus e fungos.
Ligação entre intestino e cérebro
Por um longo tempo, parecia muito forçado pensar que o microbioma poderia ser responsável por processos fora do trato digestivo. Contudo, experimentos continuam revelando detalhes cada vez mais surpreendentes.
A equipe da Dra Patricia, por exemplo, usou animais de laboratório que crescem sem quaisquer microrganismos (livres de germes) para mostrar que os microrganismos no intestino são capazes até mesmo de influenciar o comportamento dos animais.
"Micróbios intestinais podem comprovadamente produzir neuro mediadores que têm efeito sobre o cérebro. Camundongos livres de germes mostraram menos ansiedade do que seus companheiros cujo intestino foi preenchido com microbiota comensal. No entanto, ainda são poucas as evidências até agora de como esse processo funciona no cérebro humano," disse a pesquisadora.
Eixo cérebro-intestino
Enquanto isso, outros estudos mostraram que o intestino e o cérebro comunicam-se através de várias vias, incluindo o nervo vago, o sistema imunológico, o sistema nervoso entérico e pelos processos metabólicos microbianos.
Por exemplo, as bactérias intestinais convertem carboidratos em ácidos graxos de cadeia curta, como o ácido butírico, que reforça a ligação entre as células e reforça a barreira sangue-cérebro, que serve como uma parede celular para proteger o cérebro de infecções e inflamações.
Microbioma intestinal regula processos cerebrais
Para o neurocientista John Cryan, da Universidade College de Cork (Irlanda), não há dúvida de que o microbioma intestinal regula processos cerebrais fundamentais para o desenvolvimento de doenças neurológicas.
"Estudamos os cérebros de camundongos livres de germes. Em uma região, o córtex pré-frontal, descobrimos um aumento da mielinização em comparação com os animais mantidos sob condições normais. Isto pode ter consequências diretas para desordens relacionadas com a mielina. Também se mostrou que processos dependentes do microbioma incluem a neurogênese no hipocampo adulto e a ativação da microglia, ou seja, a ativação das células do cérebro e da medula semelhantes às células do sistema imunológico," afirmou.
Para o pesquisador, as novas informações já são suficientes para abrir uma nova abordagem para encontrar a causa da esclerose multipla, uma doença autoimune que resulta de uma combinação de fatores genéticos e ambientais.
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