O apêndice humano, uma bolsa estreita que se projeta fora do ceco no sistema digestório, tem uma má reputação por sua tendência a se inflamar (apendicite), muitas vezes exigindo remoção cirúrgica.
Embora os cientistas o descrevam como um órgão residual, com função pouco conhecida e que a evolução estaria se incumbindo de fazer desaparecer, novas pesquisas sugerem que o apêndice pode servir a um propósito importante.
Em particular, ele funciona como um reservatório para bactérias intestinais benéficas, aquelas mesmas que agora se sabe terem importante função protetora contra doenças como Parkinson e Alzheimer, e até mesmo estabelecer uma ligação com o cérebro.
Apêndice e evolução
Várias outras espécies de mamíferos têm igualmente um apêndice, e estudar como ele evoluiu e como funciona nessas espécies pode lançar alguma luz sobre este órgão misterioso nos humanos.
Uma equipe internacional de pesquisa reuniu dados sobre a presença ou ausência do apêndice e outros traços gastrointestinais e ambientais em 533 espécies de mamíferos. Eles mapearam os dados em uma filogenia - uma árvore genética - para rastrear como o apêndice evoluiu através da evolução dos mamíferos e tentar determinar por que algumas espécies têm um apêndice, enquanto outras não o têm.
O que se revelou é que o apêndice evoluiu independentemente em várias linhagens de mamíferos - mais de 30 vezes de forma independente. E, uma vez que apareceu, ele quase nunca desaparece de uma linhagem.
Isto sugere que o apêndice provavelmente serve a uma finalidade adaptativa, não sendo meramente um resquício prestes a sumir.
Isto sugere que o apêndice provavelmente serve a uma finalidade adaptativa, não sendo meramente um resquício prestes a sumir.
Analisando os fatores ecológicos, como dieta, clima, a sociabilidade de cada espécie e onde ela vive, foi possível rejeitar várias hipóteses previamente propostas pelos cientistas para tentar vincular o apêndice a fatores alimentares ou ambientais.
Apêndice com função imunológica
Em lugar das situações previstas pelas teorias científicas, o que os dados mostraram é que as espécies com um apêndice têm maiores concentrações médias de tecido linfoide (imunológico) no ceco. Isto indica que o apêndice pode desempenhar um papel importante como um órgão imunológico secundário. O tecido linfático também pode estimular o crescimento de alguns tipos de bactérias intestinais benéficas, fornecendo mais evidências de que o apêndice pode servir como um refúgio seguro para as bactérias intestinais úteis.
Também ficou claro que os animais com certos formatos de ceco (cônico ou em forma de espiral) são mais propensos a ter um apêndice do que os animais com um ceco redondo ou cilíndrico. Portanto, a equipe concluiu que o apêndice não está evoluindo sozinho, mas como parte de um "complexo ceco-apendicular" maior, que inclui o apêndice e o ceco como um conjunto.
O estudo, liderado pela professora Heather Smith, da Universidade Meio-Oeste do Arizona (EUA), foi publicado na revista científicaComptes Rendus Palevol.
(Diário Da Saúde)
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