É exatamente isso o que mostra um crescente número de pesquisas, que indicam, por exemplo, que a poluição aumenta a incidência de males sociais, incluindo taxas de criminalidade mais elevadas.
Para aferir esses resultados, a professora Julia Lee, da Universidade de Michigan (EUA), colocou sua equipe para fazer uma análise de longo prazo das estatísticas da poluição do ar e dos registros criminais. Para fundamentar suas hipóteses, a equipe idealizou também três experimentos em laboratório.
"Queríamos saber o que explica essa conexão entre poluição do ar e as atividades criminosas. Testamos a teoria de que o estresse e a ansiedade provocados pela poluição do ar são fatores contribuintes. Nossos resultados sustentam a afirmação de que a poluição do ar não só corrompe a saúde das pessoas, mas também pode contaminar sua moral," explicou Lee.
Os resultados indicam que a ansiedade causada pela exposição à poluição torna as pessoas mais propensas a trapaças e a comportamentos não-éticos. E isso pode ser uma das causas das taxas de criminalidade mais elevadas em áreas mais poluídas.
Ansiedade e trapaça
Inicialmente, os pesquisadores analisaram nove anos de dados de poluição atmosférica da Agência de Proteção Ambiental dos EUA e as estatísticas criminais do FBI. Altos níveis de poluição do ar em determinada área previram maiores incidentes de crime em quase todas as categorias, mesmo depois de serem descontados fatores como variáveis demográficas, níveis de aplicação da lei e taxas de pobreza.
A seguir, uma série de experimentos realizados nos Estados Unidos e na Índia identificaram uma conexão entre poluição, ansiedade e comportamento antiético. Uma vez que não é ético expor pessoas diretamente à poluição - embora outros cientistas tenham feito isso recentemente -, os testes mostraram imagens de cenas da cidade poluídas ou não poluídas. Os participantes deviam então descrever como eles viram essa área e refletir sobre como se sentiriam enquanto caminhavam nessa área e respiravam o ar.
As descrições escritas foram classificadas por codificadores em oito dimensões: angustiado, irritável, nervoso, assustado, entusiasmado, animado, feliz e relaxado.
Depois de descrever seus sentimentos, os voluntários passaram a completar tarefas - supostamente não relacionadas ao assunto - com pequenas recompensas financeiras para respostas corretas ou resultados bem-sucedidos. Em um experimento, eles foram informados de uma falha que permitia que descobrissem respostas corretas em um teste de associação de palavras, que fizeram a seguir. Em outro, eles receberam um jogo de dados e deviam relatar eles próprios os resultados, sendo que maiores pontuações resultavam em ganho de mais dinheiro.
Em cada estudo, os participantes que analisaram a foto poluída apresentaram maior probabilidade de expressar ansiedade e estresse em suas descrições e de trapacear no resultado dos dados.
"Os resultados nos provam que existe um custo ético para a poluição do ar," disse Lee.
"A poluição aumenta a ansiedade e isso leva ao comportamento antiético.
É um mecanismo da ciência comportamental que pode ajudar a explicar a conexão entre poluição do ar e maiores taxas de criminalidade."
"A poluição aumenta a ansiedade e isso leva ao comportamento antiético.
É um mecanismo da ciência comportamental que pode ajudar a explicar a conexão entre poluição do ar e maiores taxas de criminalidade."
O estudo será publicado na revista Psychological Science.
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