(Dr.Milton Cesar Rodrigues Mederios, Neurologista. Membro Efetivo da Academia Brasileira de Neurologia.)
" Estou trabalhando em um novo livro, cujo título, a princípio será " Dissecando a Morte ". Trata-se de um assunto repleto de tabus. De maneira geral é um tema evitado, em virtude do medo que carrega consigo. Afinal, apesar da morte ser uma certeza, não há certeza em relação ao que se seguirá após o término do funcionamento de nossos cérebros.
Tenho investigado as visões religiosas, além de explorar as visões científicas em seus vários setores, como o biológico e o relacionado à física quântica.
Do ponto de vista neurológico, seguindo a corrente científica dominante no momento, o cérebro é o responsável pela consciência em sua definição mais plena, ou seja, o funcionamento fisiológico cerebral leva à consciência.
Acreditando cegamente nas determinações científicas aceitas, assim que o cérebro cessa seu funcionamento, a consciência deixa de existir. É o fim do indivíduo. Sem o seu cérebro funcionante, não haverá mais sentimentos, emoções, sofrimentos ou prazeres. É uma visão que nos mostra pontos positivos e negativos.
A parte negativa seria a finitude completa de nossa existência, já que nosso reconhecimento como indivíduo depende do funcionamento cerebral. Nossa existência passa a ser curta em demasia e muito trabalho teremos para encontrar o "sentido da vida". Cada um deverá fazer sua busca desenfreada e os mais afortunados poderão encontrá-la.
A parte positiva da visão da finitude da existência acoplada ao fim da atividade cerebral é a certeza de que todos os sofrimentos cessarão com a morte. Considerando a visão de Schopenhauer, em que a vida é repleta de dores e sofrimentos, sendo a felicidade apenas quimérica e fugaz, o estado de "não ser" a que se refere o filósofo, é bastante confortável.
Somando-se a isto, a convicção da finitude nos faz viver intensamente a vida, aproveitando cada instante, exaltando os bons momentos e minimizando os maus. O hedonismo poderá estar presente com mais frequência no nosso trajeto rumo ao fim.
Em relação à visão religiosa sobre a morte, tenho feito várias pesquisas. Considerando as principais religiões conhecidas, em comum observamos a promessa de que a morte não é o fim. Elas determinam regras para que se possa ter uma existência após a morte com melhor qualidade.
Algumas, como o Judaísmo, o Catolicismo e o Islamismo acreditam em um ser superior julgador, que ao término de nossas vidas terrenas irão avaliar nossos atos e então decidir que tipo de existência teremos. Já o Budismo, não apresenta o "ser superior julgador", mas coloca no exercício do livre arbítrio o fator determinante para a qualidade de "vida pós morte"que teremos.
Tal conclusão remonta-nos ao "Existencialismo Sartriano", em que o ser humano deve exercer o seu livre arbítrio e assumir as consequências desse exercício perigoso, porém fundamental.
Um mundo a parte e totalmente fascinante é o da física quântica. Um mundo onde as leis de Newton, precisas em suas previsões, não se aplicam.
Um mundo, além do nosso poder de observação cotidiana, onde não se pode prever os movimentos de partículas, onde um elétron pode estar presente em dois lugares ao mesmo tempo, onde quantas de luz podem se comportar como ondas e partículas em um mesmo experimento, onde duas partículas separadas "comunicam-se" instantaneamente apesar de estarem separadas por milhares de quilômetros, mantendo informações simultâneas que se transmitiriam em velocidades muito superiores à velocidade da luz.
Um mundo que vem sendo explorado e que poderá, em um futuro próximo, nos levar a novas teorias sobre a consciência individual e a possibilidade de continuarmos existindo em essência "noutras dimensões" em "mundos paralelos".
(Fonte : http://filosofianeuronal.blogspot.com/)
Nenhum comentário:
Postar um comentário