(FALTA DE AR, TAQUICARDIA, DESCONFORTO GÁSTRICO)
Pesquisadores da faculdade de medicina da USP de Ribeirão Preto conseguiram acabar com um mito da medicina. Os sintomas que estavam relacionados a uma doença cardíaca podem estar, na verdade, ligados a distúrbios psiquiátricos.
Até os anos 90, acreditava-se que pessoas que sofriam com falta de ar, taquicardia e desconforto gástrico sofriam do Prolapso de Válvula Mitral (PVM), uma anormalidade do coração.
No entanto, segundo uma pesquisa publicada no início do mês no British Journal of Psychiatry (o jornal de psquiatria inglês, uma revista médica especializada), esses sintomas são característicos de transtornos psiquiátricos e não têm qualquer associação com o PVM. O estudo foi conduzido pelos professores José Alexandre de Souza Crippa e Benedito Carlos Maciel.
Durante o estudo que teve duração de mais de cinco anos, os pesquisadores analisaram 232 pessoas: 41 com transtorno do pânico, 89 com fobia social e 102 que eram consideradas saudáveis.
"Hoje, nós utilizamos métodos mais modernos, tanto na aparelhagem quanto nos critérios de avaliação, que são mais objetivos", explica o psiquiatra José Alexandre Crippa.
Segundo o pesquisador da USP, é difícil para uma pessoa leiga identificar se sofre de um problema psiquiátrico, como o ataque de pânico, ou de algum problema do coração.
O principal obstáculo para o diagnóstico é a semelhança entre os sintomas.
Porém, a pesquisa provou que os dois problemas não estão interligados. "Quando a pessoa está infartando ela tem a sensação de morte iminente e é exatamente este o sintoma de um ataque de pânico, que pode durar até 15 minutos", conta o professor.
Por isso, Crippa acredita que o diálogo entre cardiologistas e psiquiatras é essencial para ajudar a diagnosticar a doença.
"É muito difícil um paciente que está com esses sintomas procurar um psiquiatra. Ele se consulta primeiro com um cardiologista", ressalta Crippa.
Se o médico não souber diagnosticar corretamente, a pessoa estará sujeita a sérios problemas. O pesquisador explica que se o doente sofrer algum transtorno psiquiátrico e não iniciar o tratamento correto, ele pode vir a ter depressão e se tornar depende de álcool e drogas.
(JORNAL A CIDADE/RIBEIRÃO PRETO)
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