Era um pouco comparado à vitamina E, que em 1959 era considerada uma daquelas vitaminas que criavam problemas à medicina e a qual se sabe hoje estar associada a certas reações bioquímicas.
Supunha-se possuir um papel bioquímico, mas nem mesmo se sabia com segurança, se sua ausência podia provocar algum problema, ou se ele era um nutriente essencial.
Tudo mudou depois da descoberta chinesa da ação do selênio para curar a doença de Keshan, uma cardiopatia infantil. Ademais, na China, existem todos os níveis de aporte alimentar em selênio, segundo as regiões, desde os mais baixos até os mais altos.
Outro exemplo, o dos pesquisadores neozelandeses que conseguiram curar com o aporte de selênio as distrofias neuromusculares de quem apresentou esse problema na reanimação.
Também veremos que o selênio pode ser possuidor de outras qualidades tão excitantes, como a luta contra o envelhecimento ou a prevenção do câncer.
Alimentos que contém selênio :
Castanha do Pará, Castanha de caju,
Aveia, Arroz integral, cereais integrais,
Atum, frutos do mar, fígado, frango,
Brócolis, pepino, repolho, alho, cebola.
Aportes alimentares de selênio no mundo
É efetivamente na China que se pode encontrar taxas extremas nos aportes de selênio. Lá, há regiões cujos aportes apresentam variações que vão de 1 a 500 e no sangue taxas que variam de1 a 400!
Estas diferenças parecem ser responsáveis pela doença de Keshan para os regimes deficitários, e de uma toxicose, devida ao selênio, com perdas de cabelos e das unhas, para quantidades muito elevadas.
Valores menos extremos foram encontrados na Nova Zelândia e Finlândia (baixos) e na Venezuela (elevados) e isto somente em certas regiões destes países.
A taxa média absorvida nos Estados Unidos é de cerca de 100 a 200 mcg/dia, quantidade recomendada pelas autoridades sanitárias.
Como ocorreu com outros oligoelementos, o selênio por longo tempo escapou das pesquisas científicas pela dificuldade de sua dosagem. Ele se encontra no soro humano em concentrações próximas de dez a menos sete gramas por litro, sendo ainda menores que as de outros elementos traços, como por exemplo o zinco.
Uma dosagem confiável pode ser hoje realizada graças a técnicas usadas pela física nuclear. É à equipe de Madame Simonoff, do laboratório de química nuclear do CNRS de Bordeaux, que se atribui o mérito de ter introduzido esta técnica na França e da demonstração da necessidade de uma aporte suficiente de selênio para o homem.
Papéis bioquímicos do selênio
Foi provado que o selênio é um componente da glutathion peroxidase, uma enzima que destrói os peróxidos, isto é, os agentes oxidantes que atacam a célula. Não há dúvida, hoje, de que o selênio, por seu papel na glutathion peroxidase, faz parte dos defensores da células contra a ação dos agentes oxidantes como o fazem a vitamina E, a catalase e a superóxido dismutase. Foi somente em 1973 que se descobriu a presença do selênio nesta enzima. Desde o ano seguinte foi posto em evidência a importância deste oligoelemento para a glutathion peroxydase (GTP), tendo sido demonstrado que nos animais sujeitos a alimentação pobre em selênio a taxa de GTP diminui assim como sua atividade, e que ela retorna ao normal assim que se restabelece o equilíbrio de selênio.
O papel preciso da GTP parece ser o de proteção contra os malfadados radicais livres provenientes dos processos oxidativos (ânion superóxido, peróxido de hidrogênio, radical hidroxila e peróxidos orgânicos).
A forma do selênio na GTP parece ser a de uma selenocisteina de quem os químicos discutem atualmente o estado de redução (selenol, ácido selênico), mas deixemos a eles esta discussão, já que nos parece muito complexa.
É preciso saber que foi descoberta em certos animais e no homem uma glutathion peroxidase independente do selênio. Esta enzima se encontra nos mitocôndrios de quase todas as células, em particular nas células do fígado, dos músculos e dos glóbulos vermelhos.
A atividade catalítica do selênio é reforçada na presença da vitamina E, que é também indispensável na redução dos radicais livres. Sua associação aparece, pois, como fundamentalmente necessária às células na prevenção de seu sofrimento e de sua degeneração. Desenvolveremos este assunto mais precisamente no capítulo consagrado ao envelhecimento.
Por outro lado, o selênio possui um efeito de antídoto com relação aos metais pesados tóxicos, como o mercúrio, o chumbo, o arsênico e o cádmio.
Pesquisas em curso colocam em evidência as propriedades anti-inflamatórias e imunoestimulantes do selênio.
No homem, a suplementação em selênio parece ser benéfica para melhorar a forma geral e lutar contra o envelhecimento. Um estudo em futebolistas mostrou um aumento de 20% das performances (maior resistência e recuperação mais rápida) após um mês de tratamento com a associação selênio-vitamina E. Notou-se, também, uma melhora na vitalidade de pessoas idosas graças a esta suplementação.
Um regime carente de selênio induziu catarata em animais, e não se pode deixar de associar a relação entre a carência de selênio em velhos freqüentemente desnutridos e o aparecimento da catarata.
O aporte alimentar diário varia de um país para outro (200 mcg para os Canadenses e somente 30 mcg para os Finlandeses). Na França, o estudo de Madame Simonoff mostrou que o aporte quotidiano médio é de 46 mcg. O Conselho Nacional Americano de Pesquisas preconiza 1 mcgpor quilo de peso corporal, o que nos coloca aquém das médias aconselhadas.
Câncer e Selênio
Nas regiões de solo carente em selênio, notou-se maior freqüência de câncer do seio e do cólon, e entre os Asiáticos que consomem mais selênio em sua alimentação, uma menor freqüência.
Existem, freqüentemente junto aos cancerosos taxas baixas de selênio. Não se sabe se ocorre por parte do tumor uma utilização ou um seqüestro do selênio, ou se há, como parecem indicar um estudo projetivo finlandês recente e certos estudos americanos, uma correlação entre as taxas baixas de selênio nos exames efetuados anteriormente e o aparecimento mais freqüente a posteriori de cânceres.
O papel protetor do selênio seria devido a uma imuno-estimulação e, pois, uma melhor defesa do organismo em caso de aparecimento de células cancerosas.
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